ou dia das mães parte 1
Tem as mães descontroladas, as ditas melhores amigas, as engraçadas, as fofas, as hippies, as moderninhas, as old-school, as workaholics ausentes, as superprotetoras e as que passaram desta para uma melhor. Você, querido leitor, encaixa sua mãe em alguma definição acima e mesmo tendo uma resma de impropérios para dizer a ela, hesite e pense em tudo que a mulher fez por você – para o bem ou para o mal, mas sempre bem intencionada.
Ela destruiu o próprio corpo durante longos meses à sua espera, deixou de fumar e de tomar vinho na happy hour. Ficou parecendo um bujão de gás com roupinha florida, fazendo xixi a cada 15 minutos, chorando descontrolada sem motivo, comendo salada e evitando fritura. Tudo em nome da saúde do bebê, ou melhor, da sua.
Agüentou calada a encheção de saco das tias velhas lhe mandando fazer simpatias descabidas, vomitou mais do que gordo bêbado em fim de festa, deixou desconhecidos colocarem a mão na barriga dela e quase foi proibida de limpar a própria bunda pra não se esforçar demais, afinal, poderia ser perigoso para o feto.
Discutiu com o seu pai e esbravejou dizendo que definitivamente não ia nomear um pobre bebezinho de Carmem ou Vicentino Junior. Sendo homenagem a quem quer que fosse. Para não ser apelativa, não vou mencionar a brutalidade de um parto normal, tampouco a estranheza que deve ser assistir um projetinho de gente desdentado sugando seu peito a cada três horas. Trocou um sem-número de fraldas e babadores sem ter nojo.
E como sua mãe não tem nojo de você, ela acha que não tem problema molhar o dedo com a própria saliva e passar na sua bochecha quando está suja de pasta de dente. Bom-senso não é característica de mãe nenhuma (essa historia de amor incondicional é mesmo assustadora), por isso ela não teve pudores em enfiar sua camiseta pra dentro da calça do uniforme da escola e depois te mandar levantar os braços pra dar uma afofada no visual.
Pintou seu dente de preto na festa junina, se emocionou quando você fez papel de árvore estática na peça da escola e chorou com o seu poeminha bizarro no dia das mães (mesmo sendo obrigada a ler a palavra você grafada com cedilha). Agüentou filas quilométricas no Playcenter e se segurou para não te mandar pro inferno quando você dizia que queria mesmo era ir pra Disney.
A sua mãe é uma das poucas pessoas que não deve ter se animado com esse revival dos anos 80. Mesmo tendo que ouvir o LP do Balão Mágico cerca de 8 vezes por dia, ela não estourou a vitrola nem arremessou o vinil pelos ares. Além disso, tem crises de gastrite toda vez que ouve a voz da Xuxa no comercial do hidratante Monange. E é tudo por sua causa.
Não posso me esquecer das festinhas de aniversario em que ela rodou a cidade em busca das réplicas mais fiéis dos personagens do He-Man ou da Cinderela nem da arruaça que ela foi obrigada a organizar depois dos parabéns. Coxinha esmagada no tapete, coca-cola em cima do cachorro e brigadeiro debaixo da almofada do sofá.
Por isso, meus caros, termino aqui, pedindo que reflitam antes de mandar sua mãe para o inferno e mais ainda, que reflitam antes de procriar. Afinal, criança é igual peido: só agüenta quem faz.
Wednesday, May 02, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
3 comments:
Posso afirmar que como portador do mal do século e leitor do seu blog, eu definitivamente NUNCA procriarei. Tá bowa?!
Silvinha! Excelente tom, como sempre.
Mas tem uma coisa q minha mãe (olha só, heim?) sempre diz: jamais diga "Dessa água nunca beberei".
E assim como peido (ótima comparação), às vezes escapa sem querer. Rsrs
Beijos
Eu AMEI! Muuuuuuuuuito bom!
Beijocas!
Post a Comment