Tem aquele samba-enredo meio antigo que diz: “sonhar não custa nada e o meu sonho é tão real”. Não custa nada por enquanto. Prevejo um fatura mensal referente aos sonhos chegando em minha casa todo mês, junto com a conta da TIM. Se pudesse, cancelava a conta, mas como para sonhar a gente não assina nem contrato, quem dirá rescisão. Não vou querer sonho não, obrigada. Nem os de padaria.
Ontem mesmo sonhei que estava numa espécie de Lost. Só que não era uma ilha, era uma cidade. Sayid, o iraquiano que está sempre com o cabelo sujo, me ajudava como podia. E eu não parava de perguntar onde estava o Jack. Já que estava naquela situação, me deixem pelo menos ver os graciosos!
Nada feito. Sayid me disse que era perigoso e mesmo eu alegando que não tinha problema “porque o Jack é muito gato”, não o encontrei. Minha estadia naquele lugar bizarro se baseou no meu salvamento de uma iguana prestes a ser pisoteada. Abri o olho e fiquei olhando pra cima para me certificar de que estava mesmo na minha casa. Nem no sonho eu dou sorte. Não cheguei nem perto do Dr. Shephard.
Parem pra pensar: você passa cerca de 7 horas dormindo e ao mesmo tempo comemorando a ligação do bofe que não tem seu telefone e que só ligaria pra pedir doação de sangue pra mãe doente, dá pulinhos na frente da casa lotérica ao acertar os números da megasena, checa a passagem para Cancun que comprou depois do aumento, entoa os mais famosos refrões da Madonna com os braços pra cima, na primeira fileira do show.
Depois de apertar o snooze três vezes, finalmente se levanta. Com a escova de dente na mão e um sorriso indo de leste a oeste do rosto, você se pergunta o porquê de tanta alegria, afinal, são 6:15 da manhã, chove copiosamente e ainda é 3ª. Feira. Ah é, tava sonhando, mesmo...
Ou seja, o cara não ligou, a Madonna não pretende deixar suas aulas de Cabala em Londres pra levar tiro no Brasil, seu salário não aumentou um centavo, você não sabe quando poderá tirar férias e pra completar, esqueceu de comprar o bilhete da megasena com o prêmio acumulado em 34 milhões.
Por essas e outras que eu prefiro os sonhos descabidos. Não que a minha participação imaginária em Lost tenha algum fundamento, mas tinha enredo, fazia o mínimo sentido e criava expectativas. Nada tão divertido quanto a vez em que sonhei, há muito tempo, que meu irmão tinha ganhado uma fita cassete da Baby Consuelo (antes de dizer que viu Jesus por dentro e de fundar uma Igreja, Baby do Brasil chamava Baby Consuelo). A Magali, amiga da minha mãe tinha sido a suposta responsável pelo presente.
Acordei rindo feito uma maluca, porém completamente consciente de que a Magali não tinha comprado uma fita da ex-integrante dos Novos Baianos para um menino de 10 anos de idade. O mesmo aconteceu quando uma cobrinha oriunda de um desenho animado (só podia ser) com uma florzinha cor de laranja adornando sua cabeça pequenina. Despertei bem-humorada, mais uma vez, onde já se viu cobra simpática invadindo minha casa?
Só que às vezes eu acordo pensando que a vida é linda e que ouvir Rolling Stones emagrece mais que aula de spinning. Vem a realidade e te da um tapa na cara daqueles bem ardidos, de fazer barulho seco. Sonhar não custa nada, mas eu bem que poderia receber um troquinho quando não gosto do sonho. Ou um da padaria, mesmo.
Monday, May 14, 2007
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1 comment:
Um amigo sonhou hoje que estava comigo em outro país, no meio de uma guerra. Eu morro de inveja sempre que alguém me conta um sonho divertido, porque nunca lembro dos meus. Mágoa.
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