(...)“Tai, eu fiz tudo pra você gostar de mim...”.
SIM, muitos responderam, eu aposto. Mas pensem se há justiça nisso. Eu tenho que passar horas me embonecando, desbravando matas desconhecidas em busca de uma paixão instantânea e a tal da coincidência, de alma gêmea e a bendita da outra metade da laranja não fazem nada, nadinha? Ah, não. Pra cima de mim, não. Somos três irmãos aqui em casa, aprendemos a dividir tudo igualmente pra não ter reclamação nem injustiçados.
Duvido do fundo desse peito desafinado que duas pessoas se conheçam dessa forma. Ou vocês vão me dizer que já ouviram falar de alguém que passou a tarde se maquiando e saiu de casa parecendo o Boy George acabou encontrando outro, que mandou passar a melhor camisa, partiu olhando até em becos sem saída em busca de um novo amor, que se encontraram e namoraram por anos? Eu nunca. (E também não saio de casa parecendo o Boy George, juro que não uso sombra colorida!).
O acaso também tá nessa que eu sei. Não venham me falar de destino traçado que isso é sempre bullshit. Vamos supor que eu queira aquela cena babaca onde a metade desajeitada do casal derruba a papelada no chão, o outro se agacha pra ajudar e trocam olhares, telefones... Como faz? Fico com um bloco de sulfite na porta do metrô dando ombrada em tudo quanto é homem? Tá, eu não quero essa cena babaca pro meu currículo romântico, mas se eu quisesse, quem teria que entrar em cena seria o acaso, vocês hão de concordar.
Ele tá fazendo corpo mole comigo, pelo visto. Valorizando o próprio passe. Vinte e dois anos e nem uma puta de uma aparição decente, Sr. Acaso. Francamente! Ou vai me dizer nessa altura do campeonato que era pra eu ter acendido uma vela vermelha pra Santo Antonio em 2001? Acho que não, mas em momentos de TPM chego a duvidar. Retifico: em momentos de TPM eu imagino coisas sem sentido e pra completar a desgraça, eu choro. Coisa dos hormônios. É só não leva-los muito a serio que logo passa.
E é isso, minha gente. A despeito do que vocês possam imaginar, eu não penso em achar o amor a todo instante. Se vier, é lucro. Não sei nem se é correto dizer, mas o negocio é o seguinte: eu não fui criada pra isso, não, Brasil. Eu quero ficar rica – provavelmente precisarei encontrar uma profissão que me agrade antes, quero ver outro show dos Strokes, ficar viciada em corrida, aprender italiano, voltar a jogar tênis, esquiar sem cair, ter uma casa grande cheia de cachorros, usar salto sem doer o pé.
Quero dar entrevista no Jô Soares sobre nosso aclamado blog, quero ser menos tímida, aprender a fazer baliza, fazer terapia, ir em enterro de anão, tirar uma foto com o Ralph Wiggum, ter um milhão de amigos (Epa! Esse é o Rei Roberto, não eu), assistir a uma final de Roland Garros e outra de Copa do Mundo. Quero depilação definitiva. Quero risadas duradouras e por enquanto elas estão aqui.
Monday, March 26, 2007
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3 comments:
hahaha...
a senhora q casou-se aos 21 não teve mta escolha, teve...
bom, acho q nao.
E a hora não importa. A velha história do par de sapatos eu realmente acredito q existe.
Silvia Maria escrevendo cada vez mais e melhor!
mesmo trocando um milhão de dolares para encontrar um grande amor ao virar a esquina, pretendo continuar, sempre, fazendo parte das risadas duradouras!
kisses
Sil, a passagem das folhas de sulfite no metrô está entre as melhores coisas que você já escreveu, parabéns!
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